RPG virtual X RPG ao vivo

Por Melkor
Fonte: [http://paginas.terra.com.br/arte/melkor/artigo2.htm ]

Uma grande dúvida que assola os RPGistas dos tempos de hoje é por qual RPG optar: Pelo virtual, jogado em chats ou programas adequados para o jogo virtual ou pelo RPG clássico ao vivo com os jogadores em volta de uma mesa. Cada um tem seus defeitos e qualidades, e dependendo da aventura e dos participantes, algumas qualidades de um sobrepõem-se às qualidades de outro. Vou tentar neste artigo mostrar os defeitos e qualidades de ambos, segundo o meu ponto de vista. Já tive contato com RPGs tanto virtuais quando ao vivo, apesar de em nenhum deles ter conseguido seguir uma aventura boa e me sentir satisfeito, abandonando este hobbie.

A receita do RPG ao vivo é simples, alguns jogadores em volta de uma mesa, um mestre com seus dados e papéis atrás de uma Divisória do Mestre e interpretação dos personagens feita ao vivo pelos jogadores. Os dados são rolados na mesa para todos verem, apesar de em muitos casos um resultado duvidoso acaba por ser ocasionado por frestas da mesa que deixam dois resultados em dúvida ou dados que caem da mesa e a velha discussão de "Vale o resultado do dado que cai da mesa" se inicia. Também alguns jogadores indignados pelos resultados dos dados, sendo estes contra ele ou a favor de outros jogadores, acusam o dado de ter esbarrado em algo ou ter sido mal rolado. Apesar destes problemas com o dado, a interpretação feita ao vivo com som e imagem além de um simples texto como nos chats dá realmente um ar de vida ao RPG impossível de reproduzir no RPG virtual.

Já a receita do RPG virtual é diferente. Os jogadores de diferentes partes do mundo se encontram em canais de bate papo ou até mesmo pelos programas de mensagens instantâneas (ICQ, por exemplo) e combinam um jogo. É decidido como ocorrerá o jogo, em um canal de bate papo ou em um programa especialmente criado para isto. Existem vários programas para RPG on-line, incluindo rolagem de dado, silenciamento de jogadores enquanto o mestre fala, é possível falar para um jogador sem que os outros ouçam, etc. No canal de bate papo as opções são reduzidas, há apenas o bate papo, mas é uma opção boa para as aventuras nas quais o mestre apenas usa a interpretação dos jogadores e decide por si mesmo o que ocorre, sem recorrer aos dados, símbolos de discórdia também no RPG virtual quando os jogadores afirmam que o programa "está roubando". As vantagens do RPG virtual começam com o fato de não haver vergonha para a interpretação: Não há som, não há imagem. Não há motivo para ter vergonha dos outros participantes. Além disto, é possível jogar com pessoas do mundo inteiro, coisa que ao vivo seria muito difícil. A vantagem que mais admiro são os recursos que se abrem quando se retira o som e a imagem do jogo. É possível ao invés de cochichar no ouvido do jogador algo que só ele pode saber, o mestre dizer para somente ele pelo bate papo e ninguém nem desconfiar disto, e também é possível que o mestre controle um personagem sem que os jogadores desconfiem. Uma vez mestrei um jogo no qual eu mesmo controlava um personagem no bate papo, bastando abrir outra janela e colocar outro apelido. Foi divertido ver a surpresa dos jogadores quando o personagem se revelou um espião do inimigo e eles o mataram, coisa que não seria tão surpreendente ao vivo.

Tomando em conta todas estas qualidades e defeito, podemos ver que o RPG virtual tem um grande defeito: Ele não estimula a interação entre as pessoas nem desinibe o ser humano por trás da tela. Podendo interpretar sem vergonha pelo bate papo, ele se mostra muito extrovertido, mas isso não ajuda em nada ele na vida real quando precisará ser realmente extrovertido quando o som e imagem também são fatores de sua vida, além de uma janela de bate papo. O RPG ao vivo incentiva a interação não só dos personagens como dos seres humanos que os interpretam. O RPG virtual pode realmente ser infalível em relação aos dados, já que são rolados pelo computador e o resultado apresentado a todos pelo programa de RPG on-line, e este fato já diminui as brigas inevitáveis pelos resultados dos dados. Ainda existem, é claro, aqueles que dizem que foi "sorte" ou "azar", mas estes terão que se contentar com isso e não acusar ninguém de roubo, inclusive o pobre mestre, que como o juiz de futebol, é acusado por qualquer decisão que ajude um e prejudique outro. Dadas estas qualidades e defeitos, tal como a análise delas, cabe ao jogador escolher as qualidades que lhe são mais importantes e escolher como jogará suas aventuras de RPG, mas o recomendado é que se use os dois recursos sem abusar de nenhum dos dois.

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