GURPS Novos Horizontes

Por Sérgio Artigas
http://estudioartigas.blogspot.com/
Na net: http://www.projetogurps.com.br/

Introdução
por Dantas
Ainda hoje encontramos a publicação de cartas em formato de livros, correspondências cujo teor torna-se público, por ser teor, por ser grande, por ser válido. Mas o "ainda hoje" não nos mostra um grande volume de cartas-cartas mandadas-recebidas. Temos e-mails, orkúts, sites, blogs, flogs...
Hoje já encontramos a publicação de e-mails em formato de entrevistas em formato de livros. Mas não é êsse o caso: segue abaixo um e-mail recebido, enviado por Sérgio Artigas, cujo teor, agora, torna-se público: por ser teor, por ser grande, por ser válido.

GURPS Novos Horizontes
[...]
Mas mudando de saco para mala, quero lhe contar uma experiência rpgística minha.
Era uma vez um grupo de RPG onde os players viviam tomando caminhos independentes no jogo tipo, uns se perdiam dos outros, dividiam o grupo para realizar tarefas simultâneas e etc.
Um dia eu havia preparado uma pequena dungeon bem detalhada, onde havia uma parte onde o chão cedia e o grupo iria parar em um cenário novo. Mas acontece que o grupo se dividiu e apenas metade caiu nesse lugar. Era crucial que uns não soubessem o que estava havendo com os outros, o que eu normalmente faço nestes casos é mestrar em salas separadas, para que ninguém ouça o que se passa com o outro grupo. Isso é chato porque o mestre tem que revezar entre as salas e a galera fica esperando, e isso quebra o clima. Acontece que por sorte no mesmo dia tinha um amigo meu que também mestra GURPS que tava só olhando a gente jogar. Eu passei para ele o plot e o cara mestrou para eles em outra sala, foi muuuito massa. Gerou uma grande interação entre os players na hora que se encontraram novamente.

A pergunta é: seria possível gerar uma cooperação entre mestres possibilitando assim um maior nível de complexidade numa aventura?

A utopia seria, por exemplo, ambientação em GURPS Banestorm, várias mesas cada qual com um mestre encarregado de mestrar acontecimentos na sua região, a qual ele deveria dominar e conhecer profundamente. Cada mestre seria responsável por um país, ou, em nível menor, pelo andar de uma dungeon, ou até por uma sala....
Os objetivos e benefícios dessa abordagem são vários: Os mestres teriam mais chance de detalhar suas regiões e as quests próprias de modo que os jogadores poderiam sentir a diferença entre paises devido a personalidade diferente de cada mestre, o que daria uma maior impressão de choque cultural. Com isso os mestres seriam um mundo fixo, com os jogadores andando livremente de um lugar a outro, e não como muitas vezes acontece, que parece que o mundo gira em torno dos players. Seria como um jogo de videogame: as coisas sempre estão lá, para serem vividas, não importa quem apareça. Como a relação entre o mestre e o grupo seria entrecortada, devido às migrações de mestre para mestre, as relações se tornariam mais imprevisíveis, os mestres não teriam seus protegido, e sendo assim a sensação de perigo e até competição entre grupos de jogadores seria maior. De certa forma seria como um MORG de RPG de mesa.
Os players poderiam cruzar com “NPCs” de outros players, personagem dos grupos alheios, e isso poderia ser um encontro amigável, com alianças ou o contrário, com conflitos.
Existiria a chance de um jogador se separar de seu atual grupo e de se juntar a outro, intrigas, espionagens, trapaças, etc... Enfim, um universo vivo e respirando. Imagine nestas condições jogar com um personagem cujo objetivo é se infiltrar em um grupo alheio para espionagem ou assassinato! Seria muito mais emocionante! O fato de interagir com outros players seria incrível!

GURPS é vasto. Complexo. É quase impossível para um mestre desenvolver todos os recursos disponíveis no sistema. Por isso penso que dividir tarefas é uma boa saída.
Já tive experiência no meu grupo onde cada um cuidava de uma parte das regras tipo: um cara anotava as condições de saúde e os danos dos players, eu cuidava das criatuars, fulano cuidava das ações que cada um podia fazer por turno de combate e etc.
Isso me possibilitou aumentar a qualidade e complexidade de minhas aventuras, pois fiquei, como mestre, menos sobrecarregado pelas regras.

O que eu proponho é a mesma setorização, mas não em relação às regras e sim à historia.
Seria preciso criar um modo de interação entre os mestres, para evitar incoerências e para que ele sempre esteja ciente de tudo. Imagine que o grupo do mestre de Mégalos está se organizando para invadir Al Wazif. O mestre de Al Wazif precisa saber disso para organizar seus NPCs ou até PCs, caso sejam soldados.
Se um grupo do mestre de Caitness pretende viajar a Sahud, mas o mestre de Sahud está ocupado com outyo grupo, o que fazer?
Estes seriam os problemas iniciais... seria preciso estudar a proposta.
Agora, o quanto isso tudo é viável, aí já são outros quinhentos....

Imagino que seria legal organizar isso em um evento... ou a nível mais humilde, o próprio grupo poderia fazer um rodízio de mestres onde cada um hora seria player, hora seria mestre....
Não sei se a idéia te toca, mas gostaria de ouvir uma ou duas palavras a respeito, compartilhar este debate com os grupos seria bastante enriquecedor.

Um abração,
Sérgio Artigas

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